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Convidei meu nerd favorito, para criar uma resenha sobre o guitar hero e fui presenteada com um dos melhores textos sobre jogos e rock n roll.

Não é de hoje que o rock’n roll está presente nos jogos de video-games. Se você procurar bem – ou relembrar de alguns que talvez fizeram parte de sua infância – muitos jogos possuíam trilhas sonoras bem trabalhadas, mesmo para aqueles antigos cartuchos com gráficos quadriculados e som digital sintetizado, ou usavam o rock de algumas bandas famosas. Quem nunca jogou o clássico Rock ’n Roll Racing, onde você participava de corridas ao som de Black Sabbath, Deep Purple ou Stephenwolf? (se você não se lembra, jogue isso agora mesmo!). Mas se hoje você pode ser qualquer coisa em um jogo, desde guerreiros a pilotos de corrida, por que você não pode se tornar um rockstar?

É com essa ideia que nasceu a série Guitar Hero. Lançado pela Activision para o console Playstation 2 no já distante ano de 2005, o jogador tinha como objetivo tocar músicas com um controle em forma de guitarra, uma miniatura de uma Gibson SG que possuía 5 botões coloridos e uma barra para ‘palhetar’ as notas pressionadas (além de uma alavanca para fazer o whammy da nota) . Já nos primeiros jogos da série, onde você poderia escolher entre opções de personagens e seus estilos, o jogador simula a sensação de tocar guitarra com uma setlist de músicas regravadas, que iam de David Bowie a Ozzy Osbourne. Para jogar é simples: na tela, o jogador precisa apertar os botões das ‘notas musicais’ e tocar na ‘palheta’ da guitarra no exato momento em que os botões coloridos surgiam no trilho que lembra o braço de uma guitarra. A ideia deu tão certo que obviamente não parou por aí. Nos anos seguintes novas sequencias do jogo surgiram, e com isso muito mais músicas para a diversão dos jogadores, e posteriormente os modos de jogo onde era possível jogar como guitarrista ou baixista. Só o primeiro Guitar Hero já ultrapassou o valor de U$ 2 bilhões em venda de jogos e outros produtos relacionados.

Se tocar guitarra/baixo já era divertido, porque eu não formar uma banda completa para me divertir? Com o tamanho sucesso que Guitar Hero vinha fazendo, a Harmonix (responsável pela criação da série) lançou através da Eletronic Arts o jogo Rock Band, com a mesma premissa. A diferença é que agora você poderia jogar cantando com um microfone, ou poderia tocar bateria, todos desenvolvidos especificamente para o jogo. A diferença é que além das músicas disponíveis para tocar em diversas setlists, o jogador agora poderia ter outras músicas para o jogo, comprando separadamente como conteúdo especial para download, os famosos DLCs. Com o tempo, Rock Band veio se tornando tão famosa como a série Guitar Hero, que posteriormente passou a ter suporte a todos os instrumentos.

Quem ficou muito contente com o sucesso dos jogos com certeza foi a indústria musical. Se era difícil vender música graças à pirataria na internet, os jogos se tornaram uma nova forma de distribuição musical. Nos primeiros jogos da série Guitar Hero as músicas era regravadas por uma banda, e com o sucesso passou a ter os direitos para utilizar as músicas originais para a diversão dos jogadores. Pior ainda, muitos artistas famosos passaram a aparecer nos jogos como ‘chefões de fases’ a jogadores que você poderia escolher. Foi o caso do guitarrista Slash (Guns ‘n Roses) e Tom Morello (Rage Against The Machine/Audioslave), e posteriormente figuras conhecidas como Lemmy Kilmster (Motorhead) e Ted Nugent.

Ainda com o sucesso, alguns jogos da série Rock Band e Guitar Hero passaram a possuir edições especiais com músicas de apenas uma banda. O principal e mais famoso (e também mais bem elaborado) foi jogo “The Beatles: Rock Band”, onde você poderia tocar as músicas do quarteto de Liverpool simulando entre seus integrantes e sua trajetória, com um visual extremamente bonito e uma lista de músicas para fã nenhum botar defeito. Funcionou tão bem que, mesmo com sua eterna popularidade, uma nova geração de fãs dos Beatles surgiram pelo mundo, levando os Beatles a reaparecerem nas paradas de sucesso. Isso sem falar das outras versões especiais, como o caso da edição especial “Rock Band: AC/DC Live” (onde o jogador toca o álbum completo da banda australiana), “Rock Band: Green Day”, “Guitar Hero Metallica” e “Guitar Hero Van Halen”. Até os blocos LEGO ganharam sua versão.

Mas depois de toda essa explicação sobre os jogos, você pode estar se perguntando: onde está a diversão? Bem, se dizemos que “o rock não morreu, mas com certeza foi esquecido”, os jogos relembraram. Antes era divertido ouvir o bom e velho rock’n roll em nossas vitrolas ou aparelhos de CDs, e ouvir as rádios e assistir a MTV (que hoje em dia abandonou completamente o estilo), ou até mesmo tocar algum instrumento… os jogos resgataram o bom e velho rock’n roll. Uma curiosidade que explica bem é o fato de que graças ao sucesso e ao impacto na maioria dos jovens da atual geração, a procura por escolas de música aumentaram bastante, inclusive em nosso país. Claro que ninguém vai aprender a tocar guitarra ou bateria através dos jogos – essa nunca foi a intenção -, mas ele garante a principal essência do rock’n roll: a diversão de quem a escuta. Guitar Hero e Rock Band podem ser apenas um jogo para muitos, mas conseguiu relembrar grandes clássicos da música e também criar uma nova geração de fãs de muitas outras bandas, que passaram a procurar conhecer mais sobre elas. E a lista de bandas nesses jogos não é pequena. Agora você pode não apenas ouvir as músicas, mas também se divertir com o video-game e ‘tocá-las’. É só ligar o seu console e seu controle em forma de guitarra (ou bateria, ou microfone) e ter a sensação de como é ser um rockstar.

Autor: Rodrigo Sanches (@nerdprogressivo) é designer, gamer e viciado filmes, livros, séries e ficção científica. Nerd convicto, joga video-game desde criança e é apaixonado por rock ‘n roll, que vai do classic ao heavy metal, mas sempre ouvindo Rush.Escreve sobre jogos no  www.bonusstage.com.br.

(P.S.: O site Delfos tem uma matéria interessante sobre os jogos musicais e o fim da música, que caso você tenha um tempo vale muito a pena ler! http://www.delfos.jor.br/conteudos/index_interna.php?id=3049&id_secao=6&id_subsecao=19)